segunda-feira, março 07, 2022

Coisinhas - Termos e Definições



Antigamente, quando nos diziam "faz-te homem, não sejas maricas" e "levar na tromba é importante para te saberes defender", estavam a ensinar-nos a inserir na sociedade. Contudo, hoje, podemos enquadrar muitos destes comportamentos como bullying. Também nos meus tempos longínquos de mIRC, quando as pessoas me ignoravam deliberadamente assim do nada (depois de se ter construído uma espécie de um relacionamento qualquer), ou "morriam" após encontros ao vivo, era a Lei da Vida. Hoje é ghosting. E agora, olhando para trás, e pensando bem no assunto, eu era bem tótó.   

Quantas e quantas vezes, assisti a pessoas a desaparecer da minha vida, quando andava na fase das descobertas, e sempre pensei o pior. Isto é, acidentes de autocarro que arrastaram a pessoa durante quilómetros a fio, ou choques de comboios, porque alguém se tinha distraído na sala de comandos, ou ainda, pianos de cauda que caíram em cima de uma pessoa, vindos de um 12.º andar. Pensava sempre em situações mega dramáticas, porque era genuinamente preocupado com as pessoas. Era tão tótó, que nunca me passou pela cabeça, que o tipo não me tinha curtido, e que queria que eu desaparecesse da vida dele, assim sem deixar rasto. Procurava sempre justificações, insistia sempre num contacto (e os homens odeiam homens chatos) até levar alguém à loucura, porque queria apenas perceber o porquê. Qual a razão que levava uma pessoa, de um momento para o outro, ignorar outra sem motivo aparente? Terei sido mal educado? Demasiado honesto? Demasiado tímido ou falador? Sou assim tão horrível? Como raramente não tinha feedback das razões, imaginava tudo. E tudo era possível. E tudo era válido, até concluir que o problema era efetivamente, Eu. Eu, é que deveria ter alguma coisa inadequada e não me conseguia inserir dentro dos padrões. Era Eu, que tinha de mudar, porque era Eu que estava errado. 

Não vou dizer que ser alvo de ghosting é giro. Não é. É uma sensação horrível. Ainda passei por uma situação dessas o ano passado. E o que fiz? Andei a ver os amigos em comum, e mandei mensagens a alguns, para perguntar se tinha acontecido alguma coisa, se a pessoa estava bem, se havia alguma problema ou se podia ajudar nalguma coisa. Pelos vistos o sujeito em causa, achou que não valia a pena informar-me que já não me queria na vida dele. E bastava apenas tê-lo dito por mensagem. Não precisava de me enviar uma carta registada e com aviso de receção para o efeito. Ou seja, contínuo tótó. E com isto, não quero dizer "ai coitadinho do menino, que precisa de um bilú bilú", até porque tenho a perfeita noção que já terei feito o mesmo a alguém no passado, mesmo que o mais provável seja que não me tenha apercebido disso. Independentemente de tudo, tenho a perceção que o fiz num caso concreto, e em relação a uma ex-amiga minha, porque cortei o contacto de forma radical. Mas também sei, que ela andou meses a gozar com a minha cara, e tentou fazer-me fazer-me o mesmo, ainda que de uma forma muito subtil. Coisa que eu não sei ser. E porque ações geram reações, há sempre alguém que tem de ser o mau da fita - ou que tem de cortar o mal pela raiz. Presente.  

3 comentários:

  1. Há gente que não se toca, quando leva uma nega lolololololol

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    1. LOL Mas também tem que existir classe, em dar essa mesma nega. Fingir que se morreu, e que se foi para o céu, não é o método. :P

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  2. Ai o mirc.....
    Não conhecia a expressão ghosting... mas confesso que nessa altura pratiquei imenso...

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