quarta-feira, fevereiro 16, 2022

Blogosfera



Estava a ler um blogue político, e acabei numa publicação que dizia que os "blogues tinham morrido". Que a blogosfera tinha entrado num estado de abandono, e que tinha sido substituída pelos Facebook's, Instagram's e Tiktok's desta vida. De certa forma, não deixa de ser verdade se verificarmos o estado dos blogues portugueses de maior sucesso. A maior parte destes projetos não são atualizados faz tempo, porque estão simplesmente "deixados ao Deus dará", quase moribundos, para não dizer que muitos deles estão mesmo mortos. Outros houve, que migraram para outras plataformas e agora vivem de perfis de Insta-coisas e Tik-music-Toques. E por arrasto, obviamente que a blogaysfera não é/será diferente. Desde os primórdios da cena, muitos blogues apareceram, e também muitos fugiram do nosso quotidiano. O Sitemer também se eclipsou da medição do número de visualizações, e portanto, ficámos sem um local onde podíamos ver o Top dos blogues mais lidos em Portugal, ou simplesmente descobrir novos projetos de leitura. O Blogs Portugal teve o mesmo destino.  

Posto isto, não acho que os blogues tenham morrido. Ou o ato de ler um blogue tenha desaparecido. Acho, que eventualmente, não haverá assim tantos projetos interessantes, que amarrem as pessoas todos os dias na blogosfera. Que as "obriguem" a mergulhar na imensidão do universo dos blogues, e que as faça permanecer. Ficar. Descontrair e partilhar. Da mesma forma que "uma andorinha não faz a primavera", um (dois, três ou quatro) blogue(s) não faz uma blogosfera. Ou uma blogaysfera.  

Por oposição a este comportamento, temos um universo mais disperso na interação. Não só por culpa da falta de bloggers, mas sim, porque hoje também vivemos numa sociedade onde o tempo passa mais rápido (o que aconteceu há 5 minutos atrás, já está desatualizado), e onde a questão visual assume uma importância extrema, porque é mais imediata. Mais fácil de apreender. É um "pronto a consumir", sem se pensar muito no assunto. Além disso, a maior parte das nossas interações "virtuais" utilizam um telemóvel. E ler um blogue neste tipo ecrã, não tem nada a ver com a experiência de um engolir num computador (e sim, neste capítulo, o tamanho faz a diferença, e quanto maior, melhor). São formas distintas de viver o assunto. Porque ler um blogue é mais do que isso. Exige tempo. Dedicação. E disponibilidade. Obriga-nos a pensar um bocadinho mais nos assuntos - até porque os caracteres serão sempre mais, do que aqueles que encontramos nas redes sociais instantâneas desta vida.      

E esta publicação, não é para ser nenhum queixume ou diagnóstico mais ou menos profissional do estado da nação "blogótica". O seu propósito, é apenas ser uma âncora para memória futura. Ou seja, se conhecerem projetos novos, ou até já velhos, mas que mereçam algum destaque, podem deixar nos comentários. Desde já agradeço. E os membros da blogosfera também. 

Em alternativa, se alguém se lembrar de algum blogue que gostasse muito que voltasse, que renascesse das cinzas como uma Fénix, deixem também nos comentários, pode ser que o seu autor ande por ai, caia aqui de paraquedas e volte ao ofício. Tentar não custa.   

11 comentários:

  1. Vai sempre haver público para este nicho, mas não é o que foi. Tudo tem um começo e um fim. O do Facebook já começou. Se nada é eterno, na internet nada é realmente eterno. Só as nudes. (risos)

    Um blogue que gostaria que voltasse? Hmm, não sei. Talvez o do Inefável.

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    1. Acho tudo muito morto, parado. Já falei com alguns bloggers para voltar, mas a vontade não é muita. E nisso, não se pode forçar. Ou é algo natural, ou nunca resultará.

      Gostava muito do blogue do Miguel R, porque me fazia sempre soltar uma gargalhada. Ele é muito cómico, mas lá está, ou a pessoa tem vontade ou não dá mesmo. É como tudo na vida. Uns vão, outros regressam, outros ainda, nascem. É lidar.

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  2. Há tantos blogues que eu gostava:
    - Mélange
    - HYDRARGIRUM
    - Hammering in my shell
    - Blog Sem filtro
    - La vie en neon
    - O blog da Margarida

    Mas pronto a vida é o que é. E eles lá seguiram com as suas vida noutra direção.

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    1. Desses todos, só conhecia o Mélange. Se o da Margarida, foi aquele que eu também seguia, então também conheço. Mas sim, é a vida. Nem todos podem ser jurássicos :P

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    2. Era esse mesmo, da Margarida do gatos. Era tão fixe saber dos gatos e a cultura dela.

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    3. Mas o blogue dela não está para "leitores convidados"?

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    4. Hammering in my shell era o da Tartaruga, não era?

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  3. Confesso que não tenho opinião formada, recordo alguns com alguma nostalgia, mas creio que muitos se deram a conhecer e ficaram limitados a escrever (senti e continuo a sentir todos os dias) lolololololol

    Só te posso dizer que continuo por cá :)

    Abraço

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    1. E no fundo, só faz falta quem está por cá, não é? :P

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  4. Nem mais, verdade, já diriam as nossas avós

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