segunda-feira, fevereiro 28, 2022

[mais] Ucrânia



Estes dias exigem de nós, mais militância, mais rigor, mais empatia e alguma serenidade (que teimo em não conseguir adquirir). Portanto, não abandonei o blogue. Não fugi. Não tive medo do confronto. Apenas estive noutras plataformas a discutir o assunto do momento. Ou seja, a situação da Ucrânia. 

Não sou um tipo de pessoa de deixar de responder aos comentários, que me deixam aqui de uma forma gentil (mesmo os outros, não os deixo pendurados), portanto, não iria deixar passar a oportunidade de o fazer em relação à minha publicação anterior - onde apenas autorizei a sua publicação. Contudo, o que poderia ter sido respondido de uma forma imediata, levou algum tempo a elaborar, e aquilo que poderia ser apenas algumas palavras, acabou por se transformar num longo texto que aqui publico em forma de crónica explicativa do meu entendimento do assunto. 

Em relação à posição oficial do Partido Comunista Português (PCP), não fiquei 100% surpreendido, tendo em conta as suas posições passadas. Fiquei sim, admirado e estupefacto com as justificações dadas. Na sua nota do Gabinete de Imprensa, de 24 de fevereiro de 2022, podemos ler:

“O PCP salienta que o agravamento da situação é indissociável da perigosa estratégia de tensão e confrontação promovida pelos EUA, a NATO e a UE contra a Rússia, que passa pelo contínuo alargamento da NATO e o reforço do seu dispositivo militar ofensivo junto às fronteiras daquele país, e em que insere a instrumentalização da Ucrânia, desde o golpe de estado de 2014, com o recurso a grupos fascistas, e que levou à imposição de um regime xenófobo e belicista, cuja violenta acção é responsável pelo agravamento de fracturas e divisões naquele país”.

Ou seja, a culpa da invasão da Ucrânia é dos EUA, da NATO e da UE. Se formos a ver bem a coisa, os russos até estão a fazer um favor. Critica-se Israel, a intervenção no Iraque, Síria e Afeganistão, mas se a Rússia invadir um estado independente e soberano – que até reconhece como tal – a culpa é dos outros. Se a estratégia expansionista da Federação Russa, que decalca as ideias de Putin em construir uma nova Pátria-Mãe, se basear na premissa de que a culpa é “EUA, da NATO e da EU”, então está tudo legitimado. Está tudo bem. O facto da Ucrânia ter as suas próprias ideias de adesão à NATO e/ou à UE, é que não pode ser. Mesmo que isso reflita a vontade da maioria dos cidadãos daquele país, não pode. E não pode, porque isso vai ferir os sentimentos de Putin, e pelos vistos, dos Comunistas Portugueses. 

Como se isso não bastasse, o Governo da Ucrânia democraticamente eleito, como não está alinhado com Moscovo, é fascista, xenófobo e belicista. Ou seja, o regime de Putin, não é xenófobo, não persegue minorias como as LGBTI+, nem invadiu a Ucrânia com quase tudo o que tinha. Se formos a ver bem, apenas levou canhões de purpurinas e irá gritar algures no tempo e espaço "olá, sou a tua menstruação". A somar a esta adjetivação "à portuguesa", o Presidente russo afirmou ainda, que o Governo de Zelensky era um “gangue de viciados em drogas e neonazistas”, sendo que há quem diga que queria acrescentar “paneleiros”

Ainda na mesma nota, e numa tentativa de demarcação da posição Russa, o PCP sublinha: 

“A Rússia é um país capitalista, cujo posicionamento é determinado, no essencial, pelos interesses das suas elites e detentores dos seus grupos económicos, com uma concepção de classe oposta à do PCP”.

Curiosamente, a única oposição tolerada na Rússia é a do Partido Comunista Russo. 


Também neste dia, João Oliveira, deputado do PCP, no seu discurso no Parlamento Português, mencionou várias “coisinhas”, no estilo paternalista-ó-comunista a que estamos habituados, destacando-se:

1| “É hoje evidente que a situação que se vive na Ucrânia não é um problema entre russos e ucranianos nem apenas uma disputa por território ou demarcação de fronteiras”.

2| “É o problema da utilização da NATO como instrumento desses objectivos e o problema da subordinação da União Europeia à política belicista dos Estados Unidos e da NATO”.

3 |” Tal como não é expectável que a Rússia aceite que o mesmo resultado seja alcançado por via da acção do regime xenófobo e belicista instaurado na Ucrânia na sequência do golpe de Estado de 2014 e que envolveu o recurso a grupos fascistas e que nunca, até hoje, cumpriu os acordos de Minsk”.

Ou seja, para o PCP, a culpa será sempre dos outros, porque esta é uma intervenção justificada. Só aquelas promovidas pelos Estados Unidos é que são erradas. Porque a Rússia tem o direito de se defender, mesmo sem ser atacada, e mesmo que invada um país soberano - e aquela teoria que os cidadãos "russófilos" estavam a ser executados nas "auto denominadas Repúblicas Populares", tem muito o que se lhe diga. 

Ainda sobre o tema, o PCP também tem na sua página oficial, um separador sobre a Ucrânia, onde se refere ao Presidente da Ucrânia, como “Zelensky (comediante e actual presidente). Só "isto", diz muito da posição deste partido político, sendo que esta ideia de “dossiê temático” é uma tentativa algo desesperada de justificar uma posição que ninguém compreende.

Portanto, não é de estranhar que sobre a guerra na Ucrânia, o PCP tenha sido o único partido português com assento parlamentar, que não condenou a invasão militar ordenada por Putin, conforme é comprovado pela análise de Fact-Checking elaborada pelo Polígrafo (LER AQUI). Na mesma linha de pensamento, na manifestação de ontem pela Paz na Ucrânia em Lisboa, o PCP optou por não participar. Foi o único partido parlamentar (o Chega não foi convidado) que não aderiu. 

Com tantos "tiros nos pés", começamos a ver já muitos anticorpos em relação a este partido, onde já se lê (por exemplo) no Facebook: "seis deputados já são demais". Não sei se serão demais, mas se o PCP continuar assim, arrisca-se a perder a sua representação parlamentar em Portugal, à semelhança do que aconteceu com o CDS-PP. 

quinta-feira, fevereiro 24, 2022

Ucrânia



Escrevo isto cheio de revolta. Apetece-me gritar e chorar ao mesmo tempo. Pela impotência de não conseguir fazer nada que possa fazer a diferença. Que consiga fazer a diferença. Mesmo que me tornasse um Kamikaze e me implodisse no centro de Moscovo, isso não iria causar nenhum dano. Nada. Zero. Nicles. Sozinho, não iria conseguir ajudar ninguém, nem mudar o curso da história. Portanto, o que poderá fazer um homem comum nestas circunstâncias? Esperar? Desesperar? Aceitar? Resignar? 

Poupem-me ao cinismo. Não me falem da Síria, do Iraque, da Coreia do Norte ou até mesmo da Arábia Saudita. Claro que existem outras guerras, noutras latitudes. Noutros contextos e noutras bitolas. Mas o que estamos aqui a falar é de uma guerra que acontece aqui no nosso quintal. De um conflito, que poderá levar a que todos os países do mundo sejam obrigados a tomar uma posição, e daí, entrar numa espiral de violência. E porque não dizê-lo: numa terceira guerra mundial. 

Choca-me ver os pais a colocar "avisos" do tipo sanguíneo dos seus filhos, nas suas roupas, para que em caso de ferimento grave, alguém os possa socorrer de forma acertada. Fico com pele de galinha, quando vejo os pais a despedirem-se dos seus filhos e familiares próximos, sem saber se foi o último dia que estiveram juntos. Que foi a última vez que se olharam. Desespero-me e revolto-me aqui sozinho, por saber que todos os LGBTI+ serão perseguidos, muitos enviados para campos de concentração, e outros, mortos nas mãos da ignorância. Fico sem reação, quando ouço que os homens entre os 18 e os 60 anos, estão proibidos de sair de território Ucraniano, e só consigo pensar no seu desespero. Naqueles miúdos ainda adolescentes, que só tinham sonhos e uma vida pela frente. 

Não tenham ilusões. Não ficaremos imunes. As ondas desta invasão chegarão até nós. Porque tudo será muito pior do que possamos imaginar. Existem planos para violentar e exterminar ucranianos. Desaparecerão os direitos humanos. Ficaremos revoltados pelas parcas notícias que chegarão até nós. Pelo que já sabemos, é assim na Rússia, portanto não será diferente na Ucrânia. Existem, atualmente, campos de concentração na Crimeia para presos políticos, para opositores, para LGBTI+, e para todos aqueles e aquelas, que confrontam o regime de Putin - sei-o por pessoas que conhecem esta realidade. Não são fakes news. São realidades cruas, desprovidas de empatia. Se calhar, os comunistas portugueses, do Partido Comunista Português, deviam de saber uma "excursão" até lá, porque a sua posição sobre este assunto, é no mínimo asquerosa. Para não escrever nojenta.     


E de quem é a culpa? É nossa. No plural e no singular. 

quarta-feira, fevereiro 23, 2022

Introducing: José Lopes



Já sei que me vão dizer "e novidades?", mas a vida é mesmo assim. Este blogue é meu e eu publico o que me der na real gana - olha para mim a ser independente e emancipado, mesmo apenas com 4 horas de descanso em cima.  

Ontem (se não foi ontem, corrige-me se faz favor), um antigo blogger (cujo blogue ainda existe, mas não é atualizado desde 1817), mandou-me uma fotografia do José (não o trato por "Zezito" porque não o conheço ao vivo, e não há margem de manobra para esse tipo de "confianças") a dizer "acho que tem cara de bom tipo". Tem. Embora pessoalmente gostasse mais da versão "75kg com 20% em Cartão Continente".  

Acho-o muito nham nham (e está na minha pasta do Instagram com esse nome). Por acaso. Só por acaso. Um acaso do acaso. Vá, assumo, ele é giro, "hot" e cenas conexas. E até era capaz de o convidar para jantar fora - tivesse eu "disponibilidade" para isso. E outras coisas mais, vá. 

E sim. Não é que vocês já não saibam o endereço do perfil do rapaz de cor (@lopesfitness2.0), mas como eu sou bom, deixo ficar aqui um link bem catita


E agora, vou mas é dormir, que já ia batendo com a cabeça no monitor do computador 3 vezes. 

terça-feira, fevereiro 22, 2022

Opinião [muito própria] - Liliana Almeida



Foi com alguma surpresa (e perplexidade), que vi em inúmeras caixas de comentários, de algumas páginas LGBTI+ que sigo, considerações feitas por LGBTI+, a criticar a bissexualidade da Liliana Almeida (ex cantora das Nonstop e concorrente ao Big Brother Famosos - Portugal). 

Bom, cada um é livre de ter as suas crenças pessoais sobre a bissexualidade (eu tenho as minhas, e confesso que estou a desconstruir o que sempre pensei a respeito, porque há mais vida além dos meus pré-conceitos), mas ninguém tem o direito de afirmar que a miúda "precisa de terapia", "que anda enganada" e "que sempre andou com mulheres e só agora é que se lembrou dos homens". Tipo, menos. Muito menos. Sosseguem os vossos pipis e pilinhas, porque cada um sabe de si, e saberá aquilo que sente - sexualmente falando. Da mesma forma, que qualquer pessoa, amará quem quiser amar - e a vossa opinião, é isso mesmo, "vossa". E não, não estou a referir-me a relacionamentos abusivos neste texto. Escrevo sim, sobre uma coisa muito concreta: bissexualidade. Ela existe. Ela é real. E portanto, é lidar com isso. Mesmo dentro da comunidade LGBTI+, onde o preconceito por vezes surge onde menos se espera. Até porque ninguém tem de compreender, apenas tem de aceitar. 

Conheci há uns anos atrás, um rapaz em Espanha que encontrou a felicidade no Poliamor. Se para mim fazia sentido na altura? Não. Mas quem sou eu para dizer que A ou B estão errados? Desde que todos os envolvidos aceitem as "regras", e sejam adultos e responsáveis, ninguém é ninguém para criticar. Do mesmo modo, que tenho alguma dificuldade em perceber relacionamentos a três (denominados "trisal"), simplesmente porque é algo que acho que não funcionaria comigo. Mas não é por eu pensar desta forma, que tenho o direito de julgar. Há tanta diferença neste mundo (e ainda bem), que por vezes os LGBTI+ parecem que fazem aquilo que tanto apontam nos outros. Catalogar. Discriminar. Rebaixar. Diminuir.  


Precisamos de mais empatia pelo próximo. E respeito. 

segunda-feira, fevereiro 21, 2022

Parvoíces




E enquanto atravessamos mais uma segunda-feira nonsense, num gabinete deste país, dois colegas dialogam entre si:  

- Sou mesmo leiga no assunto. 


- Leiga? Tipo o quê? A princesa Leiga? Isso faz de mim o quê? O Darth Vader? Luke i'm your father?




Olhámos os dois um para o outro, e tivemos um ataque de riso. 


Acho que ambos estamos a precisar de férias.

domingo, fevereiro 20, 2022

Passados - Blogues



Estava a ler a publicação d'A Gaja, chamada "Dar corda a palhaços", na sua página de Facebook, quando estacionei neste ponto do texto: 


(...) A primeira coisa que ele disse aos amigos, ainda nem sequer namorávamos, foi "ando com A Gaja". Não a Raquel. A Gaja (como se, na escala real das coisas, eu fosse alguém). Aquela pessoa era tão patética que achava que ia conseguir sabe-se lá o que através de mim. (...) 


Não concordo sempre com aquilo que a Raquel escreve, mas de vez em quando, os nossos santos lá se conjugam e as coisas tocam-se. E estas palavras, fizeram despertar em mim, muitas coisas do passado. 

No meu antigo projeto bloguístico, na sua fase já fim de vida, as visitas diárias batiam quase sempre as três mil. Tornou-se um pouco assustador. Era algo estranho na verdade, quando o objetivo sempre foi divertir-me e desabafar, assim sem grandes compromissos. Sem grandes necessidades de nada, mas que mais tarde, a exigência, ainda que camuflada, de justificar muita coisa, tenha surgido. Com tanta exposição, acabei por ficar acobardado com a cena, e em parte, devido a algumas abordagens que tive. Sim, porque nem sempre foram as mais desprendidas, sinceras ou simpáticas. A verdade, é que é perfeitamente natural (e até compreensível), que as pessoas queiram saber quem é que escreve o quê. Quem é o autor daquelas coisinhas parvas e dramáticas, com que às vezes até nos conseguimos identificar. E de certa maneira, eu também gosto de saber quem é que lê. Quem é que concorda ou discorda, quem vibra ou quem simplesmente acha pateta isto ou aquilo. 

Recebi centenas de mensagens durante o tempo que o blogue existiu. Número esse, que duplicou com as minhas respostas, e portanto dá para ter a noção que isto quase se tornou num full time job. Embora sem remuneração acrescida. Recebi elogios, comentários apenas a dizer que tinham passado pelo mesmo, palavras para dar ideias de assuntos a desenvolver em publicações futuras e muitas mensagens de conforto e de carinho. Também recebi alguns contactos, para tentar saber quem era a personagem na vida real, algumas tentativas de me sacar o meu perfil de Facebook ou Linkedin (nem sei bem para quê, porque não se passa nada de extraordinário por lá) e alguns convites para cafés e encontros. Também tive algumas abordagens que me magoaram, mas que nunca deixei de responder (o agressor não pode ter esse poder sobre nós), alguns insultos e algumas mensagens codificadas, que apesar de anónimas, só poderiam ser de alguém que me conhecia, tendo em conta o detalhe das mesmas. 

Nisto tudo, ainda tive tempo para receber textos animadores como "tens uma vida inventada, e o que escreves não pode ser real", ou "devias gastar o teu dinheiro assim ou assado, considerando todas as pessoas que passam fome", ou até mesmo, pessoas que só falavam comigo porque eu era O TAL GAJO QUE ESCREVIA O BLOGUE. Era como se eu fosse alguma pessoa famosa, dessas que aparecem na Televisão e têm fãs. Era como se eu, o gajo mais comum e anónimo que poderia existir à face da terra, tivesse alguma importância só porque escrevia um blogue mais ou menos interessante. E depois, tinha pessoas com quem até gostaria de ter tido cimentado uma amizade, que me deixaram de falar, porque deixei de escrever. Ou porque queriam que namorasse com elas (WTF?), porque já tinham muitos amigos na vida real. Pessoas, que me bloquearam nas redes sociais (quando elas é que me adicionaram) só porque acharam que eu tinha uma qualquer obrigação com elas - que não tinha. Não sei. Tudo muito estranho, considerando a virtualidade da coisa.  

sábado, fevereiro 19, 2022

Dramas - Falta de tempo



E pronto. É oficial. Estou a ficar sem tempo para fazer tudo o quero. Ando a correr durante a semana que nem um louco, e mesmo assim não consigo esticar a minha disponibilidade. Tenho horários para tudo, mas há coisas que estão a ficar para trás. Portanto, resumidamente, e em 2 palavras, estou a ficar PO-DRE. E com um ar de quem vai bater em alguém em qualquer momento, sem motivo aparente para o fazer - ou seja, quase que não consigo responsabilizar-me pelos meus atos. 

O que precisava mesmo, eram de umas férias de longo alcance. Nas Maldivas, ou outro local qualquer para não fazer nenhum. João Cajuda, se fores um dos leitores deste blogue, já sabes: estou disponível para ti, desde que me ofereças a viagem. Caso contrário, eu posso até pagar, mas o máximo que iremos, é até Cacilhas. Com sorte, ainda te pago o jantar. Fica o desafio. 

Nos dias melhorzinhos, acordo às 5h40m para ir ao ginásio (que já consegui ir duas semanas seguidas, desde que recomecei - é a loucura, senhores, é a loucura), de onde saio às 8h50m para ir trabalhar. Depois faço pausa para almoço das 13h00m às 14h00m, e "despego" às 17h30/40/50. Mas antes de ir para o recanto do lar, ainda bebo um café na esplanada. Finalmente, quando entro em casa, é arrumar o saco do ginásio para o dia seguinte, fazer a comidinha, tratar da roupa, ver as novidades na blogosfera ou um pouco de televisão, e morrer a seguir na cama. Nos piores, é isto tudo, com aulas das 19h30m às 22h30m. 

"Mas ainda tens o fim-de-semana" - atrevem-se alguns de vocês a dizer. "Clarooooooooo.... que tenho" - respondo cheio de ironia, só para não espancar ninguém. Mas no sábado, é quando consigo dormir até mais tarde, mas ainda assim, tenho que me levantar antes do almoço com a família, para rapar o cabelo (é um dos problemas de ser careca, a manutenção dá muito trabalho), dar um jeito na barba e vestir algo confortável. Depois de noite, ou vou jantar fora, ou vou estudar - hoje vou jantar fora, by the way. E domingo, esse belo dia? Bom, serve para deprimir, ir às compras para a semana, beber alguma coisa numa esplanada qualquer e pronto. Fica feito. Fantástico não é? Ainda bem que já não tenho idade para sair à noite, caso contrário não sei como iria arranjar tempo para dormir. 


E agora que já me queixei, vou ali fazer cenas.  

quinta-feira, fevereiro 17, 2022

Palavra do Instagram ao Exibicionista



"Se nas tuas stories, publicares coisas fofinhas, quase ninguém reagirá.

Contudo, se publicares piadas ou memes, algumas reações terás.

Mas se mostrares uma foto do peito inchado, mensagens não te faltarão."  


Foi  que aconteceu hoje (LOL). 


Eu nem sei porque é que ainda me esforço a fazer conteúdos de jeito. 

quarta-feira, fevereiro 16, 2022

Blogosfera



Estava a ler um blogue político, e acabei numa publicação que dizia que os "blogues tinham morrido". Que a blogosfera tinha entrado num estado de abandono, e que tinha sido substituída pelos Facebook's, Instagram's e Tiktok's desta vida. De certa forma, não deixa de ser verdade se verificarmos o estado dos blogues portugueses de maior sucesso. A maior parte destes projetos não são atualizados faz tempo, porque estão simplesmente "deixados ao Deus dará", quase moribundos, para não dizer que muitos deles estão mesmo mortos. Outros houve, que migraram para outras plataformas e agora vivem de perfis de Insta-coisas e Tik-music-Toques. E por arrasto, obviamente que a blogaysfera não é/será diferente. Desde os primórdios da cena, muitos blogues apareceram, e também muitos fugiram do nosso quotidiano. O Sitemer também se eclipsou da medição do número de visualizações, e portanto, ficámos sem um local onde podíamos ver o Top dos blogues mais lidos em Portugal, ou simplesmente descobrir novos projetos de leitura. O Blogs Portugal teve o mesmo destino.  

Posto isto, não acho que os blogues tenham morrido. Ou o ato de ler um blogue tenha desaparecido. Acho, que eventualmente, não haverá assim tantos projetos interessantes, que amarrem as pessoas todos os dias na blogosfera. Que as "obriguem" a mergulhar na imensidão do universo dos blogues, e que as faça permanecer. Ficar. Descontrair e partilhar. Da mesma forma que "uma andorinha não faz a primavera", um (dois, três ou quatro) blogue(s) não faz uma blogosfera. Ou uma blogaysfera.  

Por oposição a este comportamento, temos um universo mais disperso na interação. Não só por culpa da falta de bloggers, mas sim, porque hoje também vivemos numa sociedade onde o tempo passa mais rápido (o que aconteceu há 5 minutos atrás, já está desatualizado), e onde a questão visual assume uma importância extrema, porque é mais imediata. Mais fácil de apreender. É um "pronto a consumir", sem se pensar muito no assunto. Além disso, a maior parte das nossas interações "virtuais" utilizam um telemóvel. E ler um blogue neste tipo ecrã, não tem nada a ver com a experiência de um engolir num computador (e sim, neste capítulo, o tamanho faz a diferença, e quanto maior, melhor). São formas distintas de viver o assunto. Porque ler um blogue é mais do que isso. Exige tempo. Dedicação. E disponibilidade. Obriga-nos a pensar um bocadinho mais nos assuntos - até porque os caracteres serão sempre mais, do que aqueles que encontramos nas redes sociais instantâneas desta vida.      

E esta publicação, não é para ser nenhum queixume ou diagnóstico mais ou menos profissional do estado da nação "blogótica". O seu propósito, é apenas ser uma âncora para memória futura. Ou seja, se conhecerem projetos novos, ou até já velhos, mas que mereçam algum destaque, podem deixar nos comentários. Desde já agradeço. E os membros da blogosfera também. 

Em alternativa, se alguém se lembrar de algum blogue que gostasse muito que voltasse, que renascesse das cinzas como uma Fénix, deixem também nos comentários, pode ser que o seu autor ande por ai, caia aqui de paraquedas e volte ao ofício. Tentar não custa.   

terça-feira, fevereiro 15, 2022

Canção do dia - Ginger Ale - Diana Castro

Se continuar com este ritmo, vou ter um ataque qualquer nos próximos dias - de certezaaaaaa. Já não tenho vinte anos, não é? Eu sei, escusam de sublinhar esse facto. Além disso, a minha relação com o meu senhor Dom Chefe já começa a azedar novamente, porque não tenho muita paciência para o facto dele estar sempre a descartar as responsabilidades para cima de mim (e dos meus colegas). Ele é que o Chefe, ele é que ganha o dinheiro, ele é que tem de decidir, logo, ele que se mexa. 

Queria mesmo era que amanhã já fosse sexta-feira... mas não é! Buáaaaaa! Tenho saudades de dançar e beber copos. Alguém me pode indicar matinés para quarentões em Lisboa? Desde já agradeço.  

Não sou gata borralheira
Mas deixei na cabeceira
Sonhos e vontades para não cumprir

Ainda nem é quarta-feira
Não sei se lá chego inteira
E se o multi-tasking nunca tiver fim

 

Se calhar devia era beber um Ginger Ale, e deixar-me de merdas. Ou então ir trabalhar um bocadinho, just in case. Ah, e antes que me esqueça, quem usa Spotify, pode ouvir a playlist da rubrica Canção do dia AQUIou carregar lá em cima no separador!

segunda-feira, fevereiro 14, 2022

airbnb do mês - Alcantarilha, Faro, Portugal



Hoje comemora-se o tradicional dia dos namorados, que antes apelidava de "dia dos coisinhos". Como vou passá-lo com mais 17 pessoas, numa magnífica aula de 3 horas de um curso que estou a tirar, deixo-vos uma proposta, para pegarem na vossa alma gémea/pessoa errada, mas gostosa/ melhor amigo(a) para as quecas e afins/ sujeito(a) que acabei de conhecer no Tinder ou no Grindr  - riscar o que não interessa, como airbnb do mês

Portanto, fevereiro de 2022, traz-nos uma proposta bem catita e romântica para os lados de Alcantarilha, Faro, Portugal. Ainda não saímos do "nosso" pequeno retângulo, mas dêem-me tempo que vou tratar disso. Para já, quero focar-me em propostas nacionais. Porque como diz o slogan: "o que é nacional é bom". Às vezes nem por isso, mas hoje não vamos falar de homens. Adiante.  

A sete quilómetros de Silves, encontramos este alojamento inserido numa enorme quinta repleta de citrinos, onde reina a tranquilidade. Porque como dizia o outro: viva o descanso! No exterior do alojamento, encontramos uma piscina simpática com espreguiçadeiras, para que possamos relaxar num dia quente de verão. Todo o complexo está rodeado de espaços verdes, de uma enorme variedade. 

Interiormente, dominam os tons pastel, mas de uma forma suave, fazendo-me lembrar a luz ao fim do dia, da cidade de Siena. Dispõe apenas de um quarto, em mezanino, que é acedido através de uma escada de ferro em espiral - ou seja, não se podem descontrolar na bebida com álcool, caso contrário acabam lá em baixo no chão depois de uma valente queda (queda, leram bem, não é com "c"). 

Os elementos decorativos, também seguem a tendência da cor da casa, uma vez que esta se encontra pontuada com uma mobília em tons beges, exceção feita aos cadeirões em pele, que são castanhos. Tudo dentro da mesma linguagem formal, minimalista, que se quis conferir ao espaço.      

No piso 0, encontramos a sala de estar, com duplo pé direito, e com um sofá, que permite uns momentos de contemplação na altura que o sol entra pela enorme janela que existe na sua frente. 

Bom, mas vamos a preços. Simulei a estadia para o dia dos namorados, e deu-me um valor de 80,00€/noite. Sendo que é obrigatória uma reserva mínima de duas noites, com uma taxa de serviço de 28,00€, no total estamos a falar de 188,00€. Não acho caro, mas é chato não ser possível escolher só uma noite, mas isto sou eu, que sou esquisito e que me aborreço facilmente num sítio sem grande agitação. 


Podem ver mais fotografias aqui, e se forem aventureiros podem reservar já aqui




Créditos fotográficos: airbnb


E se por uma hipótese muito remota, alguém já conhecer e estiver a ler este blogue, ou ainda, reservar porque leu aqui, por amor da santa, contem-me tudo nos comentários! 


Nota: não ganho nada com isso, portanto não tenho nenhum código de desconto para vos fornecer. AHAHAHA 


domingo, fevereiro 13, 2022

Domingos



Arrastei-me para fora de casa, porque tinha de ser. Além de ter que ir comprar alimentos para a semana, para evitar depois andar a comer porcaria, estava incumbido de arranjar uma prenda de grupo. Bom, verdade seja dita, eu é que me ofereci, caso contrário já sei que não iria haver nada para ofertar no jantar de aniversário. Assim, vesti a minha roupa de domingo-desportivo-hetero-macho-friendly (o mesmo que calças jogger, ténis - ou sapatilhas se houver aí alguém do norte do país e camisola Adidas) e lá fui eu. 

Primeiro ponto de paragem: posto de combustível - que já tinha a viatura quase na reserva. Fodasse, mas quem é que vem para aqui, se não for para colocar gasolina ou gasóleo no carro? A resposta certa éeeeeeeeeee... toda a gente! Não sei como aparecem, de onde aparecem, mas aparecem. Vêm para beber café, para comprar tabaco, pastilhas, bolos, bilhas do gás e eu sei lá mais o quê. Estava cheio de nervos e só me apetecia bater em pessoas. Assim no geral.  

A seguir, já com os nervos a querer soltar os demónios todos que tenho no corpo, chego ao centro comercial para comprar a prendinha, que já estava mais ou menos pensada, porque tinha feito um "estudo de mercado", noutro dia, com o aniversariante. Chego à loja e o que vejo? MUDARAM A ROUPA TODA DE SÍTIO! O pânico. O drama. O horror. Juro que estive quase para me ir embora. Juro. Mas respirei fundo e perdi montes de tempo a procurar outras coisas, que se enquadrassem no orçamento. Mas caramba, quem é que muda uma loja de uma semana para a outra? Quem? Quemmmmmmm? Expliquem-me. Enfim. Chega de drama. 

Depois, tive a brilhante ideia de ir beber um café. Esqueçam. Pessoas. Pessoas. Pessoas. Pessoas. Pessoas. Pessoas e mais pessoas. Mas não estamos com défice demográfico? Mas de onde é que apareceu esta gente toda? De uma excursão para comprar colchões ortopédicos ou panelas de pressão? Dass. 

E já estava tão enervado, que só me apetecia ir para casa. Mas faltava a parte pior: as compras no supermercado. Engoli em seco, peguei no primeiro saco que tinha no carro e meti-me lá dentro sem dó nem piedade. Comecei bem e lá me acalmei. Sol de pouca dura. As pessoas param em todo o sítio. Param os carrinhos lado a lado. Deixam os cestos perdidos no corredor. Correm para pesar as bananas, porque querem ser os primeiros - vá se lá saber o motivo. E olham para o que estamos a comprar, porque se calhar têm algum problema cognitivo que lhes impede de ter as suas próprias ideias. E também acho piada ao marido, que deixa a mulher a pesar as batatas, e fica a fitar-me ali no corredor. Tipo, a sério? Com a tua mulher ao lado? Com essa aliança de ouro, a brilhar mais que o Farol de Alexandria? Poupem-me. 

Mas o pior mesmo, aconteceu quando fui pagar as compras. Então, não é que o lindo do saquinho, que tinha trazido sem olhar, era dos pequenos. Ou seja, as compras... NÃO CABIAM! Não cabiam! Não cabem! *respira* Comei logo a stressar. Mas eu, que não tenho uma única pitada de orgulho neste corpinho de 1.69 metros, não quis comprar mais um saco. Pensei, e o ambiente? E as baleias no alto mar? Pensei nada. Pensei é que não ia admitir que tinha trazido o saco errado. Então empilhei tudo o que consegui, meti iogurtes nos bolsos das calças e do casaco e levei os ovos na mão direita, assim em modo acrobático. Rezei à Nossa Senhora Daqueles Que Trazem Sacos Pequeninos Para As Compras e tentei chegar ao carro sem deixar cair nada. Consegui chegar são e salvo. Mas sem evitar olhares "WTF?" alheios das pessoas. 


É por estas e por outras que odeio domingos.  

sexta-feira, fevereiro 11, 2022

Curva da vida



Sou consumidor de Reality Shows. Assumo. Não os vejo sempre, porque nem sempre tenho tempo, sendo que também não os acompanho sempre, porque nem sempre tenho interesse. E há uns formatos que gosto mais, outros que gosto menos. É como tudo na vida. É saber lidar. Contudo, há um exercício no Big Brother Portugal, que sempre gerou curiosidade em mim. Isto é, como seria a minha atitude perante aquela partilha de emoções e de pedacinhos da minha história? Teria coragem de falar de tudo sem preconceitos? Ficaria retraído perante a ideia de ter milhões de pessoas a assistir? Até que ponto iria? Será que desabava a chorar? Sinceramente, não sei responder a estas perguntas, porque só passando pelas situações é que poderemos ter a noção das coisas. Do que sentimos, de como reagimos e de como conseguimos lidar com episódios nossos, que por vezes já tínhamos deixado esquecidos numa qualquer gaveta emocional. 

Seja como for, resolvi assumir o risco e apliquei essa atividade em mim próprio. Sozinho. Fechei-me no meu mundo e comecei a desenhar a minha Curva da vida, com os episódios mais felizes, os mais tristes, e tudo aquilo que me marcou, e que a memória fez o favor de me gravar no meu corpo. Há coisas que voltaram a ter intensidade, outras que já se encontram apaziguadas e outras esquecidas… que afinal não estavam assim tão esquecidas - até porque elas estão sempre lá. Fazem parte de nós. São o nosso ADN sentimental. 

Assim, apresento o resultado deste exercício solitário, destacando apenas três pontos positivos, e três pontos negativos - dentro de tudo o que tenho dentro de mim. Não serão os mais felizes, ou os mais graves, mas apenas, o que achei que teria sentido partilhar aqui. 















1983: Nasceu o meu irmão. Uma das pessoas mais importantes para mim - mesmo que ele por vezes duvide disso. Sempre fomos muito unidos. Sempre fomos os melhores amigos. Até que um dia, tudo mudou. Talvez a adolescência nos tenha afastado, porque cada um teve que fazer as suas descobertas. Ter as suas conquistas e cometer os seus erros. Não sei. Só sei que quando estive no fundo do poço, foi ele quem me foi lá buscar. Foi ele que me levou ao hospital. Foi ele que esteve sempre lá para mim. E foi ele que me ajudou a lidar com tudo aquilo que eu não conseguia compreender e até aceitar. E se estou cá hoje, a ele o devo. 

 2003: Terminei o meu curso superior neste ano. Para mim, uma das maiores conquistas da minha vida. Não sei. Parece que tudo custa a acontecer comigo. Parece que tudo sai a ferros. Portanto, este ponto específico é muito valorizado. Concretizei o sonho profissional que tinha desde pequeno, e que nos dias de hoje é aquilo que me paga as contas. Se já pensei mudar de ramo? Claro. Quem nunca? Mas esta componente do meu percurso é a pedra basilar de tudo, e não a quero perder. Por isso é que muitas vezes sonho, que me telefonam a dizer que afinal não acabei o curso e que me falta uma disciplina. Não sei. Isto deverá querer dizer alguma coisa. Não eu não sei interpretar sonhos. Só comê-los.    

2008: Aqui, comprei o meu primeiro carro. Algo que nunca pensei que iria fazer, mas que consegui com muito sacrifício (mesmo ganhando menos de 600€ por mês). Adorei aquele Ibiza desportivo de 3 portas. E se aquela viatura falasse... ui ui. Tantas histórias haveria para contar. Risadas. Choros. Discussões. Badalhoquices. Todos os meus namorados passaram por lá (AHAHAH). E não só namorados - cof cof cof

Neste ano também, concretizei um dos sonhos da minha vida. Conheci Nova Iorque. Uma viagem toda paga por mim, mesmo tendo um ordenado da treta. Foram os 15 dias da minha vida, onde pude viver efetivamente como gostaria. E acima de tudo, gozar de uma liberdade que nunca tinha tido até então. Mas nem tudo foi bom. A minha avó faleceu, quando estava já no fim da viagem, e não consegui vir ao funeral. Por causa de partilhas de heranças, e de defesas estúpidas das atitudes indefensáveis do meu tio (e sua "muchacha" amestrada), tínhamo-nos afastado nos últimos anos… mas isso não apaga o facto de ela me ter criado desde pequeno. 

2015: Partes deste ano, conseguiram marcar-me negativamente nos 365 dias do mesmo. E digo isso, porque comecei a ser perseguido no meu trabalho (pela Administração), coisa que até então, sempre imaginei impossível de acontecer. Nunca tinha dado importância à questão do assédio moral até esta altura. Não sabia bem o que era, até ver o meu trabalho todo ser escrutinado pela jurista do departamento à procura de falhas (que nunca as encontraram), e de ser convocado para reuniões com pessoas externas, e depois ficar lá sozinho a explicar decisões que eu nem sabia muito bem quais eram. A humilhação era uma constante e as faltas de respeito também. E tudo isto, porque fui apanhando numa conversa pessoal, já fora do local/hora de trabalho, onde nem sequer abri a boca para dizer o que quer que fosse. E só me apercebi do estado em que estava, quando num sábado, em convívio com amigas minhas, elas me perguntam como estava o trabalho, e eu, começo a chorar sem parar. A resistência a ir para o trabalho, e a desmotivação, afinal tinham significado. 

2018: Não posso afirmar que foi o ano pior da minha vida até então, mas foi um dos piores. Aos 37 anos, pela Páscoa, tive um AIT. Fiquei paralisado, por alguns minutos, do meu lado direito e fiquei com a fala arrastada. Obviamente, que fui parar ao hospital nessa noite e fui transportado por um "tinonin". Nunca se descobriu a causa, mesmo tendo gasto imenso dinheiro em exames complementares. Foram muitas vezes, etapas que passei sozinho. Demasiadas vezes sozinho. Sozinho nos médicos. Sozinho no medo de ficar paralisado. Sozinho no sono que durante meses nunca foi regular. Posso dizer, que no resto deste ano, não dormi uma única noite seguida. Tinha sempre imensos pesadelos. Por vezes, chorava, e acordava muitas vezes com a sensação que estava a ter novamente outro ataque. Fiquei com uma dor permanente no braço direito, que demorou anos a passar e que me deixava por vezes limitado. Não vou mentir, e dizer que não pensei o pior. Pensei. Pensei que se morresse, talvez ninguém sentisse a minha falta. Senti aquelas cenas parvas, que sentimos quando passamos por situações idênticas a esta. Senti que estava farto e senti que não merecia. A verdade, é que ninguém merece, porque estes episódios acontecem (quase) sempre sem motivos de força maior.   

2019: Estava eu ainda a reconstruir-me, quando recebo a notícia da morte do meu melhor amigo. Foi um soco no estômago. Um arrancar de algo dentro de mim, que ainda não sei bem o que foi. Sozinho na hora de almoço, quando soube, chorei no carro. De uma maneira descontrolada, quase infantil, porque não conseguia perceber o motivo. Porque ainda… não o consigo entender. Pelo mesmo motivo, chorei compulsivamente sozinho, no dia do enterro. Foi duro. Muito duro. Tínhamos a mesma idade, e fazíamos anos quase na mesma altura - tínhamos um dia de diferença. Não sei. Projetei-me naquela morte, como sendo a minha. Pensei em tudo e pensei em nada. E não sendo eu, uma pessoa que gosta de partilhar o que sente com os outros, vi-me novamente num caminho solitário que me atirou para uma pseudo-depressão, que me fazia arrastar da cama para o trabalho e para a minha vida quotidiana obrigatória. Tudo ameniza é um facto, mas o vazio não desaparece.  


E agora, desafio-os a abrir a vossa cronologia e publicar a vossa Curva da vida, no vosso blogue. Quem sabe se não temos pontos em comum? Aliás, tenho a certeza que temos. Não falamos é disso. Porque se forem como eu, sentimentos é para guardar bem cá dentro, porque podem ser entendidos como uma qualquer fraqueza. 

quinta-feira, fevereiro 10, 2022

Conjugalidade(s)





Bip Bip: Hoje estou com problemas no telemóvel.

(devido ao ataque informático à Vodafone) 


E  eu, com a minha graça natural, respondo: Foram os soviéticos lol 


E recebo a contrarresposta: Foi o Putin lol


Ao que eu remato: Sim, o Putin d'Ovos AHAHAH 


Bip Bip: A sério???? 



Às vezes até me consigo surpreender a mim próprio. 


terça-feira, fevereiro 08, 2022

Sentimentos para hoje: determinação


Menina da receção: já não o via há muito tempo.

Mexe no computador.

Menina da receção: pois… já não vinha ao ginásio desde final de setembro do ano passado.  

Eu: Ah sim – risinhos parvos – Pois. Foi o trabalho. Depois foram as férias… o Natal… a passagem de ano… E o frio. Muito frio.

 

Oficialmente 4 meses. Acho que foi o meu recorde. Nunca estive tanto tempo afastado de um ginásio. Retomei hoje (quer dizer, pela hora, já foi ontem) a atividade física num espaço colaborativo – porque em bom rigor já tinha feito dois treinos em casa (uau, uma loucura). Agora, mais do que nunca, e por motivos de saúde, tenho mesmo que me aplicar. Não posso facilitar muito mais do que já facilitei, caso contrário, o senhor doutor, vai moer-me o juízo até mais não. A (pouca) massa muscular que tinha, foi toda à vida, e estou a contar com a minha memória muscular para conseguir recuperar, tudo aquilo que for possível recuperar, até o verão. Não tenho muito tempo, mas é o que tenho.

Também ainda não abandonei a ideia de complementar os meus treinos individuais com uma sessão (ou duas) de personal trainer. Andei a ver os preços e pronto: tudo pela hora da morte (mais valia namorar um). Inicialmente, queria um profissional que fosse gay. Não sei bem porquê, mas achava que seria mais fácil perceber o “meu lado”. Perceber a obsessão que tenho em olhar-me ao espelho, e não gostar do que vejo. E entender um pouco o facto, de odiar ser magro, porque sempre fui assim. Sempre tive uma extrema dificuldade em ganhar músculo, mesmo fazendo as refeições todas direitinhas. Bom, vamos excluir a parte da barriga, que essa é a única que cresce – e com a idade tem vindo a piorar.

Contactei os poucos profissionais gays, que encontrei e conhecia, e era tudo uma grande dificuldade. Tudo muito complicado, “aí não dá”, “aí não me apetece”, “aí não sei o quê”, “aí não quero esse trabalho”, “aí, aí, aí, aí”. Se fosse para pinar, talvez tivesse mais sorte. Mas pronto. Desisti e voltei-me para os héteros, porque pensei: bom, estes devem querem trabalhar e não devem ser homofóbicos. E assim foi. Encontrei um, com um preço super fixe, e simpático. Problema: comecei a fazer um curso profissional e até junho deixei de ter vida. Espero conseguir manter os treinos individuais até lá. Porque pagar por pagar, já paguei todos os meses que não fui ao ginásio, só para ter aquela sensação de conforto do: "pode ser que faça efeito na mesma". Mas não faz/fez.   

 

Mas o importante agora é a mentalização do seguinte: até o verão tenho de ficar #grosso (como se alguma vez o tivesse sido! Pfffff). Ou então não há sungas para ninguém. Nem mar, nem piscina, ou até mesmo ribeiras manhosas, porque só vai existir mesmo, a casa de banho cá de casa. Ah, e banhos de sol… só na varanda. De preferência sem olhares indiscretos. 

segunda-feira, fevereiro 07, 2022

Canção do dia - Fado Abananado - Catarina Rocha



Hoje estou como o título da canção. Abananado. E também como a letra: fechado para balanço

Boa semana! 

Temos pena, hoje não dá
estou fechada para balanço
Temos pena, hoje não dá
estou fechada para balanço
querem fado, pois não há
se não gostam como eu danço
querem fado, pois não há
se não gostam como eu danço

domingo, fevereiro 06, 2022

Amizades

Não sou uma pessoa fácil. Tenho noção disso. Por isso não será de estranhar que tenha poucos amigos. Sejam amigos gays e/ou héteros. Na parte da heterossexualidade, tenho mais amigas que amigos, até porque desde cedo, não quis que se gerassem confusões desnecessárias. Também não me sentia muito confortável em desabafar com homens héteros, certos assuntos, e porque nunca me senti muito feliz em grupos de amigos. Até porque a conversa iria sempre parar "àquela gaja boa" ou "fazia isto e aquilo com não sei quem", quando não se falava de futebol (que odeio) ou transferências de mercado - e eu de transferências só percebo das bancárias. 

Também as minhas amizades LGBTI+ são reduzidas. Não sou aquele tipo de gajo que faz stories no Instagram com os 30 amigos gays. Não só porque não os tenho, mas também porque acho que é difícil trazer pessoas para a família que escolhemos, que valham a pena. A verdade, é que gosto de ter um núcleo de amigos pequeno, que seja fácil de gerir e que se complemente. Já fui demasiado traído por amizades no passado, a quem confiei a vida, para ser tudo assim tão simples. Com o tempo, tornei-me ainda mais desconfiado. Perdi e ganhei amigos, como é normal no percurso natural da vida. Uns foram porque se chatearam, outros porque não tiveram o que quiseram/precisavam, outros porque não souberam perdoar, e outros, simplesmente, porque que sim, porque o seu tempo tinha chegado ao fim. Tenho saudades de uns, de outros nem por isso. Dos meus amigos gays que ficaram, e que posso considerar grandes amigos, tenho dois que emigraram e um que só vejo uma vez por ano e mora quase ao meu lado (e que está sempre a arranjar desculpas para não nos encontrarmos).   

Mas o meu melhor amigo, aquele que sabia quase tudo de mim, morreu faz dois anos. Isso tornou-me uma pessoa triste por dentro. Uma pessoa diferente. Uma pessoa que pensa muitas vezes, se alguma vez nos iremos encontrar de novo, noutra dimensão. É impossível esquecer uma perda desta magnitude, até porque estava colada à minha pele. Ao meu caminho de descoberta de quem eu era, e de quem eu sou, desde o tempo do mIRC. Desde o tempo que falávamos em salas de chat como a #gay, a #gaybetos ou a #bibetos. Desde o tempo, que os nossos nomes eram os nossos nicknames e não nos preocupávamos com aqueles que estavam registados oficialmente. Nunca tinha tido amigos gays até então, e ele foi o primeiro. O que teve paciência. A quem contei os meus segredos mais profundos. Aquele que não me julgou. Aquele que me estendeu a mão quando estava no fundo do poço e aquele que me motivava quando eu estava na merda. Podiam passar meses sem que nos falássemos, mas bastava uma troca de mensagens e parecia que tínhamos acabado de estar na parvoíce há 5 minutos atrás. Tenho saudades dos nossos jantares a dois no Bairro Alto, dos copos no Purex (onde eu já bêbedo fui ter com o segurança, e além de lhe ter dito que ele era giro, perguntei se era gay - e que não era), dos nossos dramas sentimentais, que compartilhávamos de forma a gerar empatia, e de tanta coisa que me preenchia, mas que de um momento para o outro... desapareceu. Apenas ficou um grande vazio. Fazer amigos nunca foi fácil para mim. Amigos gays muito menos. E tenho a noção, que este lugar que ele deixou, será insubstituível. Mas atenção: não sou uma pessoa amarga. Sou uma pessoa cada vez mais realista face aos sentimentos. 


E posto isto, vou ali até um centro comercial da periferia de Lisboa, ajudar um outro amigo a comprar uma fatiota para o seu aniversário. Bom domingo! 

sábado, fevereiro 05, 2022

Casamentos: Luca + Björn



Luca e Björn conheceram-se no Tinder (é um sítio como outro qualquer), mas um carnaval adiou o primeiro encontro. Mas foi num casamento de amigos em comum, que ambos se olharam nos olhos, e disseram: também iremos fazer isto em breve! 

Demoraram 18 meses a planear o seu casamento de sonho (ufa, que estafa!) e optaram por fazê-lo nas montanhas de Maiorca, no meio da natureza. Para o efeito, escolheram uma paleta de cores que refletisse esta opção na decoração e nos pormenores. Assim, temos o branco, o castanho, o bege e o verde "eucalipto", que se materializam no bar de madeira e nas mesas do espaço, nas jarras e arranjos de flores, na fachada do edifício que encerra o pátio onde foi feita festa e na envolvente dos campos de feno e ciprestes. É sem dúvida, uma festa mediterrânica.  

Os trajes dos noivos, embora formalmente iguais e com o mesmo corte, são de cores diferentes. Um é em azul, e outro em bege, mas os coletes de cada um, têm a cor do fato do outro (existe uma troca portanto). Os forros interiores têm palmeiras, lembrando o local do evento: Maiorca. 

A naturalidade deste casamento está presente em todo o lado. Até nos presentes que foram dados aos convidados, que passavam por potes de mel caseiro do avô de Luca e amêndoas do mercado local. 
























Créditos fotográficos: Le Hai Linh


Eu gostei muito desta proposta. Está quase lá. Se quiserem ver as fotografias todas deste casamento (sim, porque há muito mais, eu é que não publiquei tudo), basta carregarem aqui!

sexta-feira, fevereiro 04, 2022

Confessionário 2









É pah, eu também tinha complexos em ficar nu ao pé dos meus colegas do preparatório e do secundário (mas confesso, que o assunto era muito mais problemático neste último grau de ensino, porque antes ainda tomava banho na escola). No meu caso concreto, mais do que "tamanhos", era mesmo por ter uma certa vergonha de estar completamente em pelota, com outros homens, no mesmo espaço. A vida dá tanta volta, não é? Só comecei a encarar a coisa, com mais tranquilidade, quando comecei a frequentar o ginásio, e aí sim, desse por onde desse, não iria sair dali sem um banho tomado. Talvez hoje até esteja demasiado confortável com isso (AHAHAHAH).  

É claro que um problema de autoestima física, é um problema. Mas isso só cabe a nós mudar. Fazer exercício físico para continuar magro, musculado ou ser fitness body-cenas, pintar ou rapar o cabelo, fazer tatuagens ou whatever. Provocar alguma mudança naquilo que vemos. Eu odiava os meus dentes (entre muitos outros pormenores, mas isso agora não interessa nada), e tratei do assunto. Não voltei a ter problemas em a abrir a boca. Talvez hoje até demais (AHAHAHAH).  

A questão do tamanho... é o que é. Bem sei que existe uma certa pressão mediática para a pessoa se estabelecer dentro de determinado padrão... digamos, peniano. Mas o que fazer? Temos que jogar com o que temos. Como costumo dizer, antes bonita que "dinossáurica". E não estou a desvalorizar o assunto, apenas estou a tentar demonstrar, que existem outras partes a que podemos dar destaque, e que depois o outro lado nem se vai aperceber do que quer que seja - estou a falar do tamanho ok? 


Aqui, neste caso específico, parece-me que vinte daddy-nossos, intercalados com cinquenta agachamentos, poderão garantir uma absolvição catita. 


E vocês? Têm algo a confessar? Podem fazê-lo AQUI!

quinta-feira, fevereiro 03, 2022

Coisinhas - Nomes no sexo



Por causa de um comentário do Francisco, lembrei-me de um assunto de extrema importância. Estou a falar da utilização de nomes, tais como; "filho da mãe", "putinha""malandro", "safado", "sacana", "cabrão" e outros similares no sexo. É um sim? É um não? É um depende da circunstância? Depende da forma como se diz? De quem diz? Do que se diz? 

Bem sei que o sexo é carnal. É físico. É "bruto". Contudo, sempre tive uma visão muito romantizada da cena, e confesso que algumas das expressões acima mencionadas, são algo que me incomoda um pouco (a maior parte, vá). Pelo menos, se forem usadas por um "estranho". Isto é, se avançasse com alguém para um caso de uma noite (que até poderia acontecer, mas não com qualquer um, porque sempre tive um bloqueio qualquer neste tipo de situações), e se a pessoa me chamasse "filho da mãe" (ou outra coisa pior) na cama, era meio caminho para ficar todo baralhado dos neurónios e ir embora. Aliás, já me aconteceu, num passado longínquo, estar com uma pessoa (que até tinha confiança), e entre chamar uns nomes e pedir que se chamasse outros, fez com que a minha tusa emigrasse até Catmandu - até porque ninguém chama, ou pede para ser chamado de "putinha". Mas se tiver que escolher entre "cabrão" e diminutivos de palavras parvas, que seja a primeira opção.  

Portanto, e como seria de esperar, a minha primeira vez não teve nada disso. Foi com a pessoa certa, sendo a pessoa errada (é "hétero", hoje está casado com uma senhora e mora no estrangeiro). Mas acabou por ser uma cena fofinha, cheia de carinhos e assim, e acho que foi como teve de ser. Até porque foi bom. Muito bom, aliás. Mesmo ele sendo militante do CDS (AHAHAHAH). 

quarta-feira, fevereiro 02, 2022

Curto e grosso #1



- Olha, posso dar-te uma opinião?

- Não! 


Há pessoas que gostam de me testar. Dass. 

terça-feira, fevereiro 01, 2022

Coisinhas: Onlyfans



Tenho um amigo, que estava muito chocado porque não-interessa-quem, tinha comprado um carro elétrico e um apartamento de luxo com o dinheiro que tinha ganho na plataforma OnlyFans (se não sabem o que é, pesquisem - mas não no trabalho s.f.f.). Por mim, acho bem, porque a malta sempre gostou muito de ver um empreendedor em riste ou a penetração de um mercado financeiro. São os novos liberais deste país. Enfim. Eu só acho é que deviam ser taxados como eu sou, no que diz respeito a rendimentos de trabalho. Sim, porque posso não ter um OnlyFans, e não fazer vídeos pornográficos caseiros, mas que sou enrabado todos os dias no trabalho, sou. E não sinto nenhuma valorização por isso. Muito pelo contrário. 


E não, não vou criar nenhuma cena do género. Sou uma pessoa doente.