quarta-feira, janeiro 26, 2022

Desabafos #2



Nestes dias que passaram após o meu regresso, digamos, mais assíduo, recebo uma mensagem com o seguinte teor: és o não-sei-quantos

Não rapaz, já fui. Num passado algo longínquo. Depois fui à minha vida, porque precisei de ir, cresci mais um bocado, e voltei, porque precisei de voltar. Tornei-me numa espécie de lobo, mais ou menos incompreendido pelas pessoas, deslocado do mundo e arredores, sempre com o cérebro a mil. Solitário, mas nunca sozinho. A verdade, é que acabo por ser uma data de coisas. De personalidades. De vidas. De opiniões. De confusão mental que me frita, por vezes, o miolo. Mas acima de tudo, e na maioria das vezes, sou apenas parvo. 

Recebi com um sorrisinho tonto na cara (ou estava a ter um AVC e não me apercebi) e com alguma surpresa (váaaaaa, tenho a confessar), algum dos feedback's pelo meu regresso. E isso, como é ó-b-v-i-o, afagou aqui o menino. No bom sentido. E não no sentido sexual da coisa - não cresceu nada por estes lados, estejam descansados, até porque a idade já pesa AHAHAH. Estou mesmo a falar de uma cena mais imaterial, tipo a alma. Estão a ver? É bom saber que de alguma forma, tocámos as pessoas. De lá, de cá, de algum lado, e que partilharam um espaço comum, um palco de emoções. É muito giro perceber que estamos efetivamente todos no mesmo barco. Mesmo aqueles idiotas, que quando nos dizem alguma coisa idiota, e que não acrescentam nada à nossa vida. Desculpem idiotas, não vos quis ofender.  

Já tive alguns blogues, porque comecei muito novinho a blogar - aos 21, julgo eu. Era tão inocente meu Deus, tão tenrinho para ser enganado e enrabado (isso só aconteceu muito mais tarde e não é assunto de especial destaque). Mas o universo dos blogues desde então, ficou-me no ADN. Colou-se à pele. Já tive projetos discretos, outros menos, uns mais polidos, outros nem tanto, uns de sucesso, outros falhados. Como num qualquer supermercado, houve de tudo. Embora isto faça ampliar a minha cronologia de uma forma algo extensa, dá ideia que tudo começou ontem. Pelo menos quando olho para trás, assim parece, embora o espelho não me dê essa garantia. Nem o cartão do cidadão, nem os putos que me tratam por "senhor". Só sei, que assim de repente, fiquei com 41 anos. Tipo, q-u-a-r-e-n-t-a e u-m. Sendo que dois anos não deviam contar, porque foram anos pandémicos, e toda a gente sabe, que anos pandémicos não contam. Portanto tenho trinta e nove e uns meses. Embora o meu corpo ache que já tem cinquenta (e três), porque pensa que manda mais do que eu, e tem a mania que tem personalidade própria. 

Mas vamos lá a coisas sérias: o que pretendo com este novo blogue? Bom, podia ser sincero e dizer que quero ficar milionário. Mas todos temos noção, que tirando a Pipoca mais doce, ninguém vive de blogues em Portugal. Portanto, espero divertir-me e redimir-me perante algumas pessoas que se sentiram abandonadas. Não é que o peso dos anos não se faça sentir, ou que este regresso compense alguma coisa, mas que querem meus pequenos póneis mais lindos, é a vida. Há que saber lidar. E digo-vos, sem nenhum rancor adicional, que o pior está reservado para o pessoal da minha faixa etária, porque quando pudermos sair à rua de forma despreocupada, ou vamos até ao centro de dia mais próximo para nos divertirmos, ou ficamos em casa. Sim, porque o T deve estar alocado a miúdos até os trinta anos e para quem não é considerada população de risco perante o covi-dizer. Ah pois é, que isto na evolução do tempo, não há pausas nem bancos de descanso para ninguém. Nem para aqueles cuja idade mental ronde os vinte (e oito). 

4 comentários:

  1. Gosto mais de 30 e 11 :) de facto a vida continua e nós mudamos e por vezes nem nos notamos ou quem nos está próximo, digo eu que nada sei

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    1. Sim, é verdade. Por vezes somos os últimos a reparar :) E 30+11 é bem mais simpático. Não pesa tanto AHAHAHA

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