Isto de se fazer várias coisas ao mesmo tempo, dá sempre asneira. Ou seja, não temos tempo para tudo, e muita coisa acaba por ser negligenciada. Eu, como não sou capaz de dizer que não (eu sei, ainda tenho muito para evoluir, embora já caminhe para grandpa e não para daddy) acabo sempre em enredos dignos de filmes de drama barato ou terror de classe B. Porque se não terminamos as coisas logo ali, na base, a tendência do problema é crescer e depois não vamos conseguir minimizar os danos colaterais. E se houvessem quem dissesse, que esta pandemia nos ia tornar melhores pessoas, eu não sei se estou melhor.
Talvez seja mesmo má pessoa, ou talvez as pessoas não estavam à espera.. que virasse rebelde e começasse a não papar (mais) grupos. Eu próprio não me reconheço em algumas ações, decisões e discurso. Se o meu Eu dos 22 anos olhasse para o Eu dos 41 seria o primeiro a criticar. A minha escala de valores alterou-se, e coisas que abominava, começo a tolerar, e outras que dizia jamais!, hoje, digo que depende das circunstâncias. Se isto me faz má pessoa, ou uma pessoa criticável pela sociedade, talvez faça, mas acho que as pessoas da minha geração vivem um momento de charneira, onde, ou se aproveita agora, ou a vida irá escapar-nos perante os dedos.
Obviamente que não serei hipócrita, e não me irei desculpar com as marcas com que a vida me colocou. Mas também vou ignorar que muitas dessas porradas, me moldaram naquilo que sou hoje. Que ajudaram a construir o Eu atual. Foram algumas conquistas, mas as muitas derrotas e perdas, fizeram-me perder a inocência de achar, que tudo um dia se iria resolver e fazer sentido. Não vai. Mas não importa. Acho que não importa. Até porque o ser ou não ser determinada coisa, ficará sempre dependente de quem avalia. Nunca seremos apenas uma coisa. Seremos uma multiplicidade de pessoas e personalidades, mediante as interações que temos com os outros. E muitas destas conclusões estão fora da nossa esfera de decisão.
Neste momento, voltei a mudar uma data de coisas. Também este blogue, que ganha agora uma segunda vida, esperando eu, que a mantenha com um registo frequente do que é ter 41 anos, pois estou quase nos 42.
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