As relações laborais não são um mar de rosas. Nunca o foram, e duvido que alguma vez o sejam. Acho que é a consequência natural da forma como se constituem as equipas e se "obriga" as pessoas a moldarem-se umas às outras. Onde estou atualmente, estou, porque estou contratualmente obrigado. Não tive hipótese de escolha, a não ser que me despedisse. Não gosto da maioria das pessoas, não gosto do trabalho e apenas tolero quem manda. Contudo, já tive um ambiente pior do que tenho. Já tive colegas mais incómodos do que aqueles que estão por cá e também já tive, em linha com tudo o resto, tarefas de merda mais chatas. Fisicamente, já deixei de estar ao lado da casa de banho, para estar num local mais agradável, de onde vejo a rua, onde tenho luz natural, onde não estou com a fuça diretamente voltada para o ar condicionado, e onde não tenho pessoas constantemente a passar por trás de mim - o que me desconcentrava várias vezes ao longo do dia.
Não posso afirmar aos quatro ventos que tenho amigos aqui. O conceito de amigo para mim é muito restrito e conta-se pelos dedos de uma mão, aqueles que tenho na minha vida e aqueles que fiz em contexto de trabalho. Ter afinidades, gostos em comum, ou partilhar uma condição, não é garante de coisa nenhuma. Não temos que ser amigos, temos que ter profissionais nos relacionamentos, e sim, temos que nos tolerar uns aos outros. Mesmo quando nos apeteça bater em alguém. A velha máxima de respirar fundo, e contar até dez, nunca fez tanto sentido.
Onde exerço funções, conheço todos os colegas que são abertamente gays. E alguns acham, que isso é o suficiente para considerar que somos todos amigos. Que somos todos comparsas e cumplicidades de uma vida. Que temos todos a obrigação de desabafar coisas, contar cenas, rir e chorar uns com os outros. E um deles acha, só porque me viu uma vez nas férias com o meu namorado (onde até conversámos e trocámos opiniões sobre o destino estival naquele encontro de 1.º grau), que tem o direito de comentar isso com outros colegas. Aliás, a "boca" (que pretendeu ser uma graçola, assim com muita piada e tal - que não teve) que recebi hoje de manhã, ao café, onde colocaram junto do meu primeiro nome, o primeiro nome e apelido da pessoa com quem tenho um relacionamento, acabou por confirmar as minhas suspeitas sobre a discrição da pessoa em causa, e relembrou-me uma vez mais, um dos motivos pelos quais não gosto dela.
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