Se há coisa pior do que não agradecer, é ser ingrato. É achar que temos a obrigação de ter um determinado comportamento ou ação, e que não fazemos mais do que é o esperado. Talvez eu, na minha superioridade moral, seja demasiado exigente com os outros, mas não sei gerir isto de outra forma. Quando me dou, dou, e atiro-me de cabeça sem pensar. E faço-o nos namoros, nas amizades e na família, porque na minha perspetiva pessoal, só assim faz sentido. Só assim é que acredito que os relacionamentos podem crescer e evoluir de forma saudável.
É claro, que não espero nada em troca dos outros, nem faço as coisas só para me sentir bem ou para a fotografia, mas nunca irei estar preparado para aquela "coisinha" da indiferença, ou do "ok, obrigado" e virar a cara com ar de frete. Não. Isso mata-me por dentro. Isso faz-me crer um bocadinho menos nas pessoas, sendo que depois quem perde, são os outros. São aqueles que não têm nada com o assunto ou culpa no cartório. É triste revelarmos preocupação pelos outros, e depois nem uma resposta temos direito. Não quer isto dizer, que não o tenha feito no passado, até porque nem estamos bem, nem estamos disponíveis ou felizes para interagir, mas caramba, quando a coisa é feita de uma forma recorrente, isso magoa. Isso deixa marcas.
Eu sei que não sou o melhor amigo do mundo, e prova disso mesmo, é o facto de um dos meus melhores amigos ter morrido no final do ano passado, e de eu ter adiado diversos encontros desde julho até dezembro, porque tinha sempre muito tempo para isso, e com isso, perdi a oportunidade de estar com ele. Mas bolas, não é por isso que me sinto melhor. Do estilo: é uma paga do universo, porque eu também falho. Porque eu também sou ingrato, por vezes. Não sei. Não sei se tudo isto é justificação suficiente para ser ferido pelas pessoas que mais próximas estão de mim, ou se isso é argumentário eficaz para diminuir o drama, que faço sobre as coisas. A única coisa que sei, é que cada vez mais, tenho menos vontade de fazer o que quer que seja.
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